sexta-feira, 18 de abril de 2025

IMAGENS DA MINHA TERRA - 6

                

CASAS COM HISTÓRIA


             Palacete da Quinta de Aguieira
                                                                

    Tendo em conta o que é descrito naquela publicação, podemos dela respigar  algumas notas históricas acerca dos edifícios que existiram ou ainda existem na área geográfica da freguesia. No que respeita à imagem do Palacete da Quinta de Aguieira, a primeira imagem acima reproduzida, aquela publicação diz-nos que "A casa dos Viscondes de Aguieira (título criado em 1872), vasta e com capela, é de tipo corrente do século XIX . A capela, posto que a frontaria seja moderna, conserva o interior antigo. O milésimo de 1735 na porta da sacristia deve ser o da sua data média. Dessa primeira metade do século XVIII é o teto e a pintura; dividido em nove caixotões e estes ocupados com cenas da Paixão, de tipo corrente. O sub-coro tem pinturas de rótulos encerrando emblemas igualmente da Paixão".
Seguem-se mais descrições da capela considerando ser o retábulo da primeira metade setecentista, D. João V final, de certa categoria com altas aletas e escultura de imagens, citando N.ª S.ª do Bom Despacho (orago daquela capela) e outras, finalizando com a referência à instituidora D. Maria Eufrásia Pacheco Teles (1690-1758). "O brasão da mesma capela que é do século passado (séc. XIX); esquartelado de Figueiredos, Pachecos, Teles e Morais".
    A segunda imagem, cujo edifício foi há alguns anos relativamente recentes demolido, como muitos se recordarão, situava-se na área hoje ocupada com um moderno edifício a seguir ao cruzeiro de Aguieira, no sentido poente,  que foi propriedade de  Guilherme de Vasconcelos, que fez parte dos poucos reformados da função pública.
    Em seguida, deparamos com uma habitação, sita no lugar de Arrancada do Vouga, a que se refere a imagem ao lado. A obra da Academia Nacional de Belas Artes faz uma "relação partindo da zona baixa, do ponto do cruzeiro. Grande casa de seis vãos no andar nobre, tendo verga direita e cimalha, o antepenúltimo formando janela rasgada e com sacada e grade de ferro de  varões anelados; os outros são de janelas de avental retangular, este pousado nas cornijas das aberturas inferiores; aos lados das janelas mísulas retangulares". 
    Esta casa foi propriedade de Alberto Henriques, que passou para seu filho Fernando Alberto Henriques e deste, o último, foi Alberto Manuel Coutinho Henriques, está situada na Rua Conselheiro Rodrigues de Bastos. Nesta rua verificam-se a existência de casas, tanto do lado direito como do lado esquerdo com caraterísticas "a que se poderiam juntar outras desaparecidas já neste século XX que demonstram a prosperidade da povoação naquelas épocas e como se congregou, nesta terra de arrancada da estrada para a serra e além Caramulo, a pequena nobreza e a burguesia  regional, posto que não fosse sede de concelho e o fossem povoações envolventes, as de Vouga, Brunhido e Aguieira".

A casa que se apresenta ao lado, foi demolida. Estava situada em Brunhido na rua junto ao lavadouro e de acesso à capela de Santo Estêvão. Ainda da obra da Academia Nacional de Belas Artes, que temos vindo a citar, diz assim:
"CASA ANTIGAS  - em BRUNHIDO. Distingue-se esta antiga vila por uma casa nada comum nesta região, em que o grés tenro é a pedra natural. São os seus vãos de granito. Deve pertencer à primeira metade do século XVIII. A fachada principal volta-se para a rua que leva à capela e a outra para um cruzamento. Tem esta duas janelas rasgadas, de lintéis e cornijas, sacada sobre mísulas, ligando-se-lhes as janelas inferiores, que são de avental. As grades de ferro datam do século XIX, posto que tenham certo aspeto de mais antigas, encerrando monograma formado por dois JJ".
Seguem-se outras descrições sobre cunhais, varanda, parapeito e outras definições da respetiva construção, rematando coma indicação de que "não tem infelizmente brasão". "Reempregaram em casa de tipo corrente, lintel em grés vermelho datado de 1707 ANNOS, com o letreiro: EV ANT/ROIZ// A FIS POR CONTA DE//MEI DA  FONSEQVA."                                             

 Sobre esta casa, que estava situada em Brunhido, foi a conhecida «Casa da Audiência» que serviu os serviços públicos do então  concelho de Brunhido,  não existindo qualquer referência na publicação que nos serviu de suporte, apenas referindo que "a antiga casa da audiência está substituída por outra sem caráter. Desapareceu o pelourinho que se levantava em cruzamento de ruas, sitio ocupado   por cruzeiro novo."                        
Sobre esta casa e o pelourinho, mais havia, certamente,  que historiar. Foi também demolida.


                      Brunhido - Casa da Audiência
                                     (demolida)

sábado, 5 de abril de 2025

HISTÓRIA DA MINHA TERRA - 2

 O CÓDIGO DE POSTURAS - 1

    Os Códigos de Posturas, nos países lusófonos, surgem para "regular  todas as espécies de relações estabelecidas entre os vizinhos, as de natureza puramente civil, as de caráter económico e as simples medidas preventivas de índole policial.  É esta a trajetória seguida no primeiro período da sua evolução. No segundo período a postura, entrando numa fase de repouso, estabiliza, cristalizando no conceito de lei preventiva de polícia elaborada pelas Câmaras Municipais, para boa ordem  das relações entre vizinhos e regulamentação das atividades económicas."
      Esta introdução tem a finalidade de recordar o que, em matéria de legislação existia, ao nível de Freguesia, aplicável aos seus habitantes, às suas atividades e não só. 
      E tudo isto para relembrar que a freguesia de Valongo do Vouga teve o seu Código de Posturas - admitindo-se que não terá sido o primeiro pelo que consta no artigo 48º. 

    O Código de Posturas de uma freguesia, era elaborado pela Junta respetiva, submetido ao Parecer do "Advogado Síndico da Câmara Municipal" e por esta aprovado ou não, de acordo com o Parecer daquele.
      A situação, hoje, já faz parte da história. Um exemplar desse Código que esteve em vigor na freguesia de Valongo do Vouga, - cedido por António Rosa da Silva Magalhães, de Fermentões - personalidade demais conhecida localmente, em várias anotações de rodapé entre outras curiosidades, refere que foi aprovado em 1947, em 12 de Abril deste ano, séc. XX.

        A digitalização  apresentada possibilita confirmar os factos históricos que lhe estão associados. Porque se admite constituir uma novidade e curiosidade interessante, a este pormenor histórico local voltaremos, porque estamos em crer que se justifica para conhecer o que constituía uma parte da vida coletiva de antanho.
     Um pormenor também curioso, é que este instrumento legal foi aprovado definitivamente em sessão de 13/4/47, entrando imediatamente em vigor com efeitos retroativos em matérias específicas que tratavam alguns dos seus artigos.
       O Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de então era Nuno Aureliano Furtado de Mendonça e Matos, a Junta de Freguesia constituída pelo professor João Batista Fernandes Vidal, Presidente, Joaquim Correia, secretário e António Coutinho de Vasconcelos, tesoureiro. O primeiro residia no entroncamento que dá para a Veiga, a seguir ao Cruzeiro de Aguieira, como de certo muitos se lembrarão à qual a Junta de Freguesia na toponímia atribuiu o seu nome. O segundo foi morador no lugar da Veiga, sendo o último o conhecido António Coutinho, de Arrancada do Vouga.
Aqui voltaremos com outros pormenores de índole histórica sobre este assunto, que naquele código se encontram.