sábado, 12 de julho de 2025

COISAS DE BAÚS - 7

     

HISTÓRIAS DA GUINÉ

    Como ficou clarificado no anterior post, está a decorrer o aniversário das inclementes idas forçadas de jovens militares para territórios Africanos, que tinham por missão impedir que os movimentos organizados em guerra de guerrilha, que procuravam obter, pela força das armas, a almejada independência e autodeterminação da parte dominante, neste caso de Portugal.
    No que a nós diz respeito a sorte, pela força da idade, calhou-nos nos anos de 1963 a 1965. Eram dois anos de tempo de vida militar, como é demais sabido, havendo casos, conforme a especialidade, que atingiram cerca de quatro anos de ausência do país, da família, do trabalho.
    E agora restam-nos as recordações do que foi esse tempo, durante o qual também será lógico evidenciar que se criaram laços, e se fomentaram aproximações entre povos e até se constituíram famílias. E as realidades da vida quotidiana lá se  ia desenrolando, criando-se ansiedades quanto ao regresso cujo tempo parecia que nunca mais chegava ao seu términus.
    Os registos dessas recordações iam ficando em rudimentares máquinas fotográficas, como as que aqui se reproduzem. Em cada um dos registos ficam descritas algumas curiosidades, tanto no tempo (aproximado deque nos recordamos), ao modo de vida e às finalidades que representavam.

Foto obtida por volta de 1963/1964. Um edifício junto da estrada principal, a escassos três ou quatro quilómetros da fronteira com o Senegal e que nos serviu de Secretaria da Companhia que ali permaneceu cerca de um ano. O edifício fora alugado aos serviços militares por um imigrante português e que serviu de «local do nosso trabalho» administrativo, em substituição do1º Sargento, que fora evacuado para Lisboa por motivo de acidente de viação, ou seja, éramos o responsável pelo bom andamento do serviço administrativo que era adstrito à Subunidade Militar. Um possível momento de pausa, enquanto não se retomava o trabalho.

Não dá para se perceber. Mas sabemos perfeitamente o que estava nas mãos, nos braços e nos ombros. Local denominado BULA, muito conhecido por se tratar de um nó rodoviário (de terra batida) e local bastante estratégico da guerrilha, nas zonas de Mansoa, Mansabá, Binar, Bissorã. O que transportamos nos ditos membros superiores, não é nada mais, nada menos, que notas do Banco Nacional Ultramarino, entidade que era responsável  pela emissão de moeda em alguns territórios sob administração portuguesa. Como se compreende facilmente tinha acabado de fazer um levantamento, provavelmente para o pagamento do pré. 

Esta foto foi registada na estrada que liga Bissau ao Aeroporto e ficava sobranceira ao Hospital Militar. Pela aparência, será fácil deduzir que estava de licença, de trinta dias, passada relativamente afastado da guerrilha. 
E com uma vantagem; nesta Unidade de Saúde Militar prestaram serviço dois conterrâneos, um deles de Arrancada do Vouga, sobejamente conhecido; o segundo, dos lados de Casal de Álvaro componente da Banda de Música desta localidade e companheiro de trabalho na fábrica de ferragens Amaro, Lda. O Hospital, felizmente, não serviu para a cura de qualquer mal, mas com a condescendência destes dois amigos, serviu sim de hospedagem durante aqueles trinta dias.

Em conclusão, resta acrescentar que mais havia e haverá a contar. Que se guarda para melhor oportunidade .


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