sábado, 30 de novembro de 2024

COISAS DE BAÚS

Possuo um computador, já velhinho, que passou a ser uma espécie de arrumação de tudo e mais alguma coisa. Ou seja, um arquivo daquilo que se escreve e por aqui fica "estacionado" em pastas e mais ficheiros informáticos, até que nos esquecemos que os mesmos existem. Uma espécie de "caixote" onde tudo se guarda!
Deambulando através dessas pastas e ficheiros, deparámos com um texto que estava num arquivo e que tínhamos esquecido da sua existência. Após a sua leitura, recordamos que o mesmo foi escrito há já bastante tempo e retrata com alguma acuidade uma vivência passada em tempos de meninice. Achei que o mesmo podia ficar por aqui, pela curiosidade e pelo que essa vivência pode significar em termos comparativos o que atualmente se constata. É um desabafo, que queremos seja intransmissível e nunca repetitivo. Sem mais comentários...

COISAS DE BAÚS

Estava aqui sem fazer nada. Até que me lembrei de coisas guardadas no baú das memórias.

Dos tempos da meninice pouco ou nada recordo. Mas à medida que os anos vão avançando, reminiscências surgem que põem a nu factos que mostram o que foram alguns tempos passados.

Fui o infante de sete descendentes de um casal pobre e quase andrajoso que vagueou no lugar de Aguieira, tal como ainda hoje, inserido politicamente, segundo os trâmites que um Estado ou uma Nação entendeu adotar – numa chamada desde os antanhos tempos da nacionalidade, Freguesia de Valongo do Vouga.

Pobres mais que as figuras bíblicas - paupérrimos - quase sem eira nem beira, fui “criado” vivendo nos tempos de barracas, numa pequena área cuja frontaria era limitada por uma eira. Assim, a “habitação” era uma construção tosca, ampla, sem divisões, a não ser um tabique de madeira que ficava à entrada. Do outro lado deste estavam as camas (duas enxergas), para albergar os sete viventes que vieram ao mundo.

Certamente que o texto seria para ter continuidade. Mas apenas este foi encontrado tal como está. Desconhecendo-se, agora, o que estaria na origem e nas intenções do mesmo, pelo menos é retratada uma situação vivida,  com muitas privações e a deixar confirmadas as ausências de tudo o que se pode imaginar numa vida mais saudável e isenta de muitas carências.



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