Era assim tratado e conhecido no nosso meio ao tempo. Nasceu em 19 de fevereiro de 1900, em Arrancada do Vouga, e faleceu em 30 de abril de 1971. Foi um brilhante pedagogo, jornalista e escritor. Foram seus pais - Joaquim Gomes dos Santos e Lucinda Augusta Gomes de Oliveira - também naturais e residentes naquele lugar. O pai desempenhou funções de Juiz de Paz em Arrancada do Vouga e possuía um estabelecimento de mercearias e uma pequena oficina onde fabricava pregos e cravos, indústria muito preponderante existente na freguesia, pioneira da indústria de ferragens de Águeda, como é sabido. Frequentou a Escola Normal de Aveiro, na qual concluiu com brilhantismo o curso que lhe permitia exercer as funções de professor primário, uma posição de algum prestígio ao tempo, exercendo o ensino nas escolas de Recardães e Castanheira do Vouga.
Os pais do Inspetor Gomes dos Santos eram pessoas modestas e de poucos recursos. Na sua adolescência namoriscou com uma moça da terra, cujos pais possuíam alguns meios de riqueza. Mas quem não alinhava com o namorico era o pai da moça e este perguntou à filha se ela pensava que o rapaz era algum professor. Esta história foi-se repetindo até que chegou ao conhecimento dos pais do Inspetor. Perante os factos, estes perguntaram ao filho se ele queria ir estudar para se formar em professor, ao que o rapaz, de imediato, responde afirmativamente. Ficou assim salvaguardado o futuro do Inspetor, orientado para a carreira de professor.
Participou em vários cursos e foi promovido a Subinspetor do ensino primário e nestas funções esteve ao serviço nos distritos de Setúbal, Castelo Branco, Braga e Porto. Foi promovido a Inspetor Orientador do Ministério da Educação, sendo estas funções exercidas no distrito de Aveiro, onde se radicou.
Em 1937 contraiu matrimónio com D. Antónia Valente da Silva, também professora primária, natural de São Tiago Maior, Beja, que faleceu em 23 de setembro de 1953, com apenas 37 anos de idade, como causa próxima o parto do seu filho Arménio António a seguir indicado. Deste casamento nasceram três filhos, que são: Francisco António (Chico), licenciado em Direito, emigrado no Brasil e de quem nos iremos ocupar, postando aqui alguma da sua carreira; Maria Fernanda (Nandita, como sempre foi tratada e é conhecida), professora primária e Arménio António, antes citado, licenciado em Letras, docente na EB2,3 de Arrancada do Vouga.
O Sr. Inspetor dedicou uma grande parte do seu tempo de vida às letras, a sua grande paixão e foi autor de poesia e várias publicações ligadas ao ensino da língua portuguesa, das quis se destacam:
- PRONTUÁRIO ESCOLAR (Formulário, Guia Prático e Notas de Legislação do Ensino Primário, 1937)
- PRONTUÁRIO ESCOLAR (Guia Prático e Notas de Legislação, 1939)
- O ÚLTIMO ROMÂNTICO (Poemas) - Canções do Amor de Deus, do Próximo e da Pátria, 1954)
- DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO (1956)
- AO REDOR DO GLOBALISMO (Análise e crítica dos métodos de leitura global, 1958)
- AS ESTRADAS E OS LOUCOS (1959)
- POR BEM DA LÍNGUA (1960)
Destas obras, temos o privilégio de possuir a última, que nos foi gentilmente ofertada por um brilhante autodidata desta freguesia de seu nome António Rosa da Silva Magalhães, a quem dedicamos um livro - António Magalhães - Encenador, Poeta e Lavrador - (1896-1986) - editado pela Junta de Freguesia de Valongo do Vouga - Janeiro de 2017.
Foi autor de obras inéditas que não foram publicadas e cujos originais permanecem na posse de um neto - Fernando Santos - filho de Francisco atrás referido, cremos que nascido e residente no Brasil, segundo informação de Março de 2012, a saber:
* POEMAS DO CRESPÚSCULO
* PARA ALÉM DO FIM
* OS INGRATOS
* MÁS LÍNGUAS - COMÉDIA EM 1 ATO
Autor de uma obra inédita, cujo original está na posse de familiares, conforme informação obtida em Março de 2012:
- Livro escolar da 2ª classe do ensino primário.
Foi colaborador em vários jornais e revistas da sua época, membro de tertúlias de índole cultural, participou em numerosos colóquios sobre a linguística e o ensino. Autor e grande impulsionador da famosa revista «VALONGO À VISTA» apresentada em outubro de 1943, integrada no programa da inauguração da Casa do Povo de Valongo do Vouga, com a obtenção de estrondoso êxito.
«Pelos originais reencontrados após mais de 40 anos de desconhecimento do seu paradeiro, foram obtidas fotocópias e o espetáculo totalmente reconstituído, sendo evitado o seu desaparecimento, não só dos textos e da identificação dos participantes, grande parte deles já não pertencente ao número dos viventes, mas também alguns factos históricos, desde a conceção até à sua apresentação» E temos a Revista Valongo à Vista no livro "VALONGO À VISTA E OUTROS PALCOS", editado pela Casa do Povo de Valongo do Vouga, uma preciosidade da Freguesia, da nossa autoria.
A Junta de Freguesia atribuiu o seu nome à rua que passa frente à sua residência.
Fontes:
«O seu a seu dono» como mandam as éticas e as regras...
Biografia adaptada da Wikipedia, Biblioteca Municipal Manuel Alegre, Livro de Walle Longum a Valongo do Vouga de António Simões Estima e Jornal «Valongo do Vouga».