quarta-feira, 19 de março de 2025

COISAS DE BAÚS - 5

GUINÉ-BISSAU 

MELANCOLICAMENTE 

Decorriam os longínquos anos de 1963/1965. Admite-se, mais concretamente, o ano de 1964. Num outro blogue de nossa autoria que passámos nas  autoestradas cibernautas, e anda estas bandas;        http://www.terrasdomarnel.blogspot.pt 
 houve oportunidade de plasmar vários apontamentos sobre este país, como se sabe ex-colónia portuguesa. 
Passado todo este tempo, ainda temos algumas imagens fotográficas daquele território de África para onde nos impunham a obrigatoriedade de ali permanecer dois anos ou mais com a justificação de que era imperioso defender as populações, os colonos, porque, dizia-se, era ali também uma parte da Nação Portuguesa.


Numa zona do mundo onde tudo faltava, mesmo naqueles idos anos, o contacto com o território, as suas gentes, o seu modo de vida, a sua cultura, fomos, em certa medida, surpreendidos.
Para se acrescentar que os militares, salvo casos menos penosos, porque cingidos a áreas urbanas de acentuada densidade populacional, formos introduzidos no território sem algumas das básicas condições.
Está, neste caso, a barbearia, concretamente o corte de cabelo. Valia-nos um prestável camarada de armas, que tendo na vida civil exercido as funções de babeiro e cabeleireiro nos ia aparando higienicamente as cabeleiras ainda jovens dos seus vinte e picos anos.
O local, claro está, ainda permanece residente na memória dos tempos. Era uma localidade que, com pouco mais ou menos uma dezena de habitações de construção europeia, ocupadas por cidadãos europeus, principalmente de Portugal com todos as comodidades mínimas, já classificada de vila de Ingoré, situada a escassos cinco quilómetros da fronteira com o Senegal, sendo servida por  uma estrada de terra batida que lhe passava pelo meio em direção a S. Domingos, já próximo de Suzana, seguindo-se Varela uma belíssima praia tropical muito frequentada por cidadãos franceses que vinham do Senegal, onde costumavam passar férias. Tivemos oportunidade de ali nos deslocarmos e lá passar umas horas de pura descontração. Esta praia apinhada de pequenas habitações, ficou abandonada logo que começaram as hostilidades com os guerrilheiros do PAIGC.
O mesmo já a memória dos tempos não conseguiu "armazenar" o nome do barbeiro da companhia que lá ia "tosquiando" os seus companheiros, para que se apresentassem perante todos, incluindo os nativos/nativas,  com a sua melhor aparência. 
E à falta de melhores condições, até à beira da estrada servia de salão e se procedia a esta metamorfose. É desnecessário identificar que o "cortado" sou eu, já com uma adequada proteção que cobria os ombros dos incomodativos cabelos que iam caindo. E, no fim, até me sentia mais leve e catita! Que acham?                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

2 comentários:

  1. Olá Sr. José, é sempre bom recordar os momentos mais marcantes e nós (leitores) adoramos ver estas fotografias antigas e ler estas histórias (e que muito nos ensinam). Que venham mais "coisas de baús". Beijinhos

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