VIDA TRICONTINENTAL
Foi no dia 9 de Outubro de 2008 que nos abalançamos a publicar, com a regularidade possível, alguns factos e histórias relacionados com a freguesia de Valongo do Vouga inseridos no blogue intitulado «Terras do Marnel». As pesquisas entretanto realizadas demonstravam-nos que havia material de sobra para “alimentar” esta iniciativa por dilatado tempo. E assim foi mantida até 6 de novembro de 2020, perfazendo uma longevidade de 12 anos!
Movido e até motivado por alguns conterrâneos, demonstrando-nos que era uma mais valia manter a sua continuidade, reiniciámos esta presença cibernauta em 31 de outubro do ano findo, está a atingir um ano, com um título praticamente idêntico ao anterior, adicionando-lhe apenas mais uma palavra, surgindo, assim o «Terras do Marnel e Vouga», não sendo de estranhar o alcance intencionalmente introduzido.
Procurou-se dar algum realce, dando o ênfase a outros motivos, e enaltecendo alguns factos que tiveram origem em pessoas que já fizeram história na freguesia, criada por alguns conterrâneos que a distinguiram, dotando-a de meios e formas, materiais e sociais, não esquecendo os benefícios que foram proporcionados aos seus concidadãos.
Foi nessa linha que se achou ser de inteira justiça relembrar todos os que assim procederam, nomeadamente os que fizeram história recente, «porque da lei da morte se foram libertando». Outros que permanecem no nosso convívio e que tudo fizeram para serem colocados no mesmo patamar daqueles que os antecederam.
Relembrando o que apontamos aqui em 11 de novembro de 2024, quando se iniciou o que convencionamos ser a 2ª série de “Terras do Marnel e Vouga”, colocamos em destaque a ação desenvolvida pelo conterrâneo António Martins Rachinhas. Mais que destacar o que fez em prol de sua Terra, entendemos ser um ato de justiça trazer à liça, se não tudo, pelo menos o que, com alguma estranheza, possa vir a cair no rol dos esquecimentos.
Se outrora as coisas não eram muito conhecidas, porque desprovidos dos mais elementares meios de registo, atualmente essa questão não se coloca. Por outro lado, entendemos que os reconhecimentos, os registos, as sessões, as homenagens também têm outro efeito, se realizadas com os seus protagonistas presentes entre nós.
Porém, não querendo ser narcisista, podemos sintetizar a Vida Tricontinental do Rachinhas, principalmente após o seu regresso do Brasil, não enveredando por elaborar uma longa lista de factos, das coisas e dos locais onde se fizeram sentir as suas intervenções que, como chega a admitir nos quatro livros de índole pessoal e familiar, além de outros tantos sobre a história da freguesia de que foi Autor, nos quais deixa uma autenticidade genuína do seu amor intrínseco à sua Freguesia a cuja elevação a Vila muito porfiou para ser colocada no patamar onde outras localidades já se encontravam.
Paralelamente foi de sua iniciativa a aquisição do espaço conhecido por «Terra do Moinho» em Aguieira e no mesmo fosse construído um novo templo com orago a S. Miguel. É hoje o Largo de S. Miguel, a sala de visitas da Freguesia. Chamado «Terreno do Moinho» porque nele a área era `banhada` por uma ribeira desviada do leito principal, percorrendo uma escassa centenas de metros até a um moinho, que ficava situado sensivelmente no local onde foi construída a capela, o qual era propriedade de um habitante daquele lugar de nome João da Fonseca Lemos, vulgo «João Moleiro».
Travou uma «luta» (como lhe chamou), durante doze anos, para a criação e construção de raiz da Escola EB/2,3 de Valongo do Vouga . Ainda na área da educação, lutou junto da Câmara Municipal pela construção de novas instalações para a Escola Primária, nascendo desta forma o prédio onde hoje funciona a Escola de Música. Ainda nesta área junto do Secretário de Estado, formulou pessoalmente um pedido para que autorizasse a utilização do pavilhão pré-fabricado onde funcionou provisoriamente a Escola EB2,3, que serviu depois para a Escola de Música durante trinta anos.
Envolveu-se também na criação e compra do terreno – cerca de 12.000 m2 - onde foi implantado, por ideia pessoal, o Parque de Lazer da Boiça (Aguieira).
Dinamizou a população de Aguieira a participar em três Orçamentos Participativos, que venceram, arrecadando mais de cem mil euros para a edificação daquele Parque de Lazer.
Como Presidente da Assembleia de Freguesia, negociou com o proprietário a cedência do terreno necessário para a construção da rua e alargamento do «Lameirão», hoje «Praça de S. Pedro» em Valongo do Vouga.
Fez vários contactos com a Câmara Municipal, no decorrer dos anos 80, séc. XX, sugerindo a construção de uma via, para evitar os constrangimentos à população das áreas das freguesias de Valongo do Vouga, Macinhata, Préstimo, Macieira de Alcoba e outras localidades terem de cruzar a linha do Vale do Vouga bem como a estrada nacional na Alagoa, resultando na Rua Nova do Emigrante.
Foi autor da toponímia das ruas do lugar de Aguieira, da letra do hino da novel vila musicada pelo Valonguense, Capitão Amílcar Morais, obteve junto da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto a feitura do busto Souza Batista e foi proponente para a classificação como Monumento de Interesse Público da Igreja Paroquial (MIP), processo que continua a acompanhar junto do Ministério da Cultura.
Integrou ou ocupou os seguintes cargos; Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia, Deputado à Assembleia Municipal (três mandatos); Secretário da Comissão de Educação; Secretário da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida; Vice-Presidente da Direção da Casa do Povo de Valongo do Vouga; Vice-Presidente do Conselho e Fundador da Comissão de Pais (Escola Adolfo Portela); Membro da Assembleia Distrital do PSD (Partido Social Democrata (três mandatos). Nesta fez valer os argumentos necessários para a nova autoestrada Águeda-Aveiro.
Travou aceso confronto com a Câmara Municipal e Junta de Freguesia para obstar o encerramento da Rua Visconde de Aguieira, como era desejo destas Autarquias; e com o Ministério das Infraestruturas (e até com o Primeiro Ministro) para colocar cancelas automáticas na passagem de nível do apeadeiro de Aguieira (com perspetivas de solução).
Cidadão Honorário da Vila , título concedido em 2013 pela Junta de Freguesia, condecorado com a medalha de ouro pelos relevantes serviços prestados à comunidade Valonguense.
Como o próprio afirma em resumo: FOI UMA VIDA DE SONHOS, NA SUA MAIORIA CONCRETIZADOS.
Admite-se não serem necessários mais argumentos de elevação, a não ser retirar do eterno Camões :
Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer Nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados.
As envejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos sublimados.
Quem valerosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.
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| Largo de S. Miguel |
Grupo da Boiça
Em 1º Plano: António Rachinhas; José Carlos Rachinhas; Manuel
Augusto Pereira e Luís Jesus Ferreira: De pé a partir da esquerda:
Augusto Matos Costa; Manuel Duarte Formiga; Joaquim César
Rachinhas (Pedro); atrás deste António Ferreira Abreu («Viseu»);
Manuel Duarte Pinheiro, Jorge Jesus Almeida («Pintassilgo»;
Manuel Gomes Oliveira; Manuel Borges e cap.Joaquim Miranda.

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