sábado, 30 de novembro de 2024

COISAS DE BAÚS

Possuo um computador, já velhinho, que passou a ser uma espécie de arrumação de tudo e mais alguma coisa. Ou seja, um arquivo daquilo que se escreve e por aqui fica "estacionado" em pastas e mais ficheiros informáticos, até que nos esquecemos que os mesmos existem. Uma espécie de "caixote" onde tudo se guarda!
Deambulando através dessas pastas e ficheiros, deparámos com um texto que estava num arquivo e que tínhamos esquecido da sua existência. Após a sua leitura, recordamos que o mesmo foi escrito há já bastante tempo e retrata com alguma acuidade uma vivência passada em tempos de meninice. Achei que o mesmo podia ficar por aqui, pela curiosidade e pelo que essa vivência pode significar em termos comparativos o que atualmente se constata. É um desabafo, que queremos seja intransmissível e nunca repetitivo. Sem mais comentários...

COISAS DE BAÚS

Estava aqui sem fazer nada. Até que me lembrei de coisas guardadas no baú das memórias.

Dos tempos da meninice pouco ou nada recordo. Mas à medida que os anos vão avançando, reminiscências surgem que põem a nu factos que mostram o que foram alguns tempos passados.

Fui o infante de sete descendentes de um casal pobre e quase andrajoso que vagueou no lugar de Aguieira, tal como ainda hoje, inserido politicamente, segundo os trâmites que um Estado ou uma Nação entendeu adotar – numa chamada desde os antanhos tempos da nacionalidade, Freguesia de Valongo do Vouga.

Pobres mais que as figuras bíblicas - paupérrimos - quase sem eira nem beira, fui “criado” vivendo nos tempos de barracas, numa pequena área cuja frontaria era limitada por uma eira. Assim, a “habitação” era uma construção tosca, ampla, sem divisões, a não ser um tabique de madeira que ficava à entrada. Do outro lado deste estavam as camas (duas enxergas), para albergar os sete viventes que vieram ao mundo.

Certamente que o texto seria para ter continuidade. Mas apenas este foi encontrado tal como está. Desconhecendo-se, agora, o que estaria na origem e nas intenções do mesmo, pelo menos é retratada uma situação vivida,  com muitas privações e a deixar confirmadas as ausências de tudo o que se pode imaginar numa vida mais saudável e isenta de muitas carências.



terça-feira, 26 de novembro de 2024

O HERSILGO!!!

POIS É... O HERSILGO!  
Quem é? O que faz? Onde está? 

Nós diremos ...
Que é um conterrâneo de Brunhido natural, residente em Lisboa. Um rapaz (como ele gosta de apelidar-se e aos amigos também). Inicialmente com um percurso escolar e formativo com a génese na Escola Industrial e Comercial, atual «Marques de Castilho», para onde calcorreámos caminho  juntos e que me «apanhava» na Aguieira e, de bicicleta, lá íamos «cantando e rindo».
Também juntos tivemos o primeiro emprego na fábrica de ferragens Amaro, Lda. da nossa atual vetusta cidade. Mas o Hernâni estava talhado para outros voos! Após um ano neste emprego, marcha em direção ao Porto, onde o esperava um curso proveitoso e enriquecedor no Instituto Comercial do Porto, junto à Batalha.
Dotado de grande vocação para escrita, versejar é o seu forte, ou não fosse buscar às suas ascendências  um outro ou maior talento. Publicados quatro livros deste género literário, foi guindado a um alto grau, com o comprovante dado através destas publicações e não só.
Respigamos: HERSILGO - (pseudónimo de Hernâni da Silva Gomes) nasceu no lugar de Brunhido, numa terça-feira de Carnaval, freguesia de Valongo do Vouga-Águeda onde viveu a infância e parte da sua juventude.
Teve uma formação académica sequencial e muito variada, iniciando na escola antes referida, depois no Instituto Comercial do Porto, já citado, vindo mais tarde, já em Lisboa e no decorrer da sua vida profissional a completar as licenciaturas em Economia, Auditoria e PG em Fiscalidade e Mestrado em Gestão de Projetos.
Terminado o serviço militar obrigatório e regressado de Angola, onde, no posto de Alferes Miliciano, comandou um Pelotão de Intendência, em Vila Teixeira de Sousa (agora vila de Luao no Moxico), iniciando a sua carreira profissional como Diretor Geral de empresa têxtil, com sede em Lisboa e onde se manteve no cargo durante onze anos e que era - ao tempo - extensão comercial de importante unidade industrial sedeada em Valongo do Vouga.
Entre outras ocupações, além de ter exercido  docência nas áreas de Contabilidade e Fiscalidade - foi durante vinte anos Inspetor Principal no Ministério das Finanças - e, aposentado, consultor e conferencista no âmbito da Fiscalidade e Auditoria. Também fundou e participou na gestão de empresas próprias das áreas comercial têxtil, telecomunicações,  imobiliário e agropecuária (avestruzes).
Mas sempre e desde cedo revelou queda para as Letras e em especial - Cultivando Versos - alguns publicados em jornais locais - Soberania do Povo ou Valongo do Vouga - e de que recuperando e coletando alguns, neste livro pretendeu compilar. Os títulos são:

- CULTIVANDO VERSOS
- SEMENTEIRA DE VERSOS
- VINDIMA DE VERSOS
- FÁBRICA DE VERSOS

Nestes, ainda tivemos a veleidade de colaborar, com um POSFÁCIO - a seu pedido - em verso, que nos deixou um tanto ou quanto embaraçados, porque nunca passámos por uma experiência destas, e sempre admitimos não conseguir corresponder por manifesta falta de vocação para este género de escrita. O tal Posfácio saiu assim:

Pediu o Hernâni PÒSFACIO
Em verso, se for capaz
Do que não tenho jeito.
Mas dizer não, não se faz
A um Amigo do peito.

De escorreita escrita
É escritor retumbante.
Só por aqui intervir,
Não me iguala o bastante.
O Hernâni com uma veia
De poeta - bem afinada,
Faz desta uma plebeia
Bastante desenquadrada.

Já escreveu "Cultivando Versos",
Numa primeira edição
"Nova Sementeira" lança agora,
Nascidos do mesmo chão.

Qualquer tema é um mote
Que com versos gloseia
A rima é dádiva - é dote
Correndo na sua Veia.

"...Sementes de sonho ou quimera
A leiva foi gradada
Sinto a terra preparada
Cumpro o sonho Primavera..."

Assim o Hernâni escreve
Qual estilo de grande Poeta
Como se fora um trovador
Cantata em tom semibreve
De Versos tentando a meta
Da graça e agrado do leitor.

Os temas aqui tratados
São muitos - tantos e tais,
Assuntos dos mais variados
Que o Autor recria rimando
Que frases quase banais
Em  Versos se vão moldando.

                       Fica-nos, ao menos, a intenção                     
De ao Amigo corresponder
E sem qualquer presunção
De nosso jeito - à nossa maneira
Estes simples Versos fazer
Pequenas espigas na Sementeira
Que este grande Amigo possa colher.

*
JM Ferreira/22Set2014

Seria indesculpável, nesta primeira apresentação, não deixar por cá um dos seus Poemas, ao acaso:

PONTO FINAL

A Sementeira deve acabar aqui.
As sementes que à Terra lancei
Geraram estes Versos que escrevi
Ceifando a Seara - este Livro editei.

Sei que tem um cunho muito Pessoal
Da Terra e de mim não me desprendo
Sempre puxando ao cultivo ou a Semear.
Novo - secarei essa veia a ver se aprendo
A ser mais fingidor e esotérico
Mais rebuscando na estilística - mais poético
Menos concreto - menos terra a terra e local.

Como Versejador - não uso pontuação.
Vírgulas são um empecilho - a elas digo - Não.
Ao Novo Acordo em ortografia
Às vezes - Sim - mas contrafeito
As mais das vezes por que dá mais jeito
Não - por simples hábito e tradição.
Permiti-me certa Liberdade Poética
Palavras Livres com o fito de rimar
Declamadas melhoram muito a fonética
Mas prendem o Versejador - ao Versejar.

As rimas são a corda que acorrenta
Prosa mais gostosa - sabor a sal e pimenta.
Por isso gosto de dar Versos à Prosa
Como quem cuida um jardim
Aparando os espinhos da rosa
Pico-me neles - mas afinal
Gosto de ambos mesmo assim.
Este Livro chegou ao Fim. Ponto final.

Hersilgo/Out2014



segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A POESIA DA ISAMAR - "Os Hipócritas"

 

Há já algum tempo colocamos a intenção de aqui postar, de vez em quando, alguns poemas da autoria de Isabel Maria Tavares Mendes, uma conterrânea residente para os lados de Arrancada do Vouga, da nossa freguesia de Valongo do Vouga. Os poemas estão plasmados num site que tem por título "A POESIA DA ISAMAR", aqui: http://www.apoesiadaisamar.blogspot.com; ao clicar neste endereço vai lá ter e pode apreciar o seu conteúdo.
A sua essência está sempre apontada e vai buscar a sua inspiração em facetas e factos da vivência quotidiana a que se assiste no emaranhado caminho que estamos a percorrer. Chegámos a ponderar atribuir-lhe o título de "FACETAS DA VIDA EM POESIA", que tinha o objetivo de constituir o título de um hipotético livro a publicar, porque nos parece não deslustrar e que tem todos os predicados para ombrear ao lado de idênticas publicações. Curiosamente, ou talvez não, são visados com frequência pelos «visitadores» cibernautas, deixando por lá abundantes comentários. Hoje ficamo-nos por este que, encaixando que nem uma luva, traduz o que na realidade conhecemos deste tipo de posturas. 
 

OS HIPÓCRITAS


Reuniram-se já a noite ia alta
Em volta de uma mesa redonda
Os hipócritas que nunca fazem falta
A discutir falsidades de forma hedionda

Fingidores de alto gabarito
Dissimulados de profissão
Um hipócrita é como um falso grito
Que nem sequer passa pelo pulmão

Vivem à custa da barba longa
Falta-lhes formação em autenticidade
Deixam-se levar ao ritmo da songa monga
Faltaram a todas as lições da sinceridade

Ser hipócrita é levar junto ao peito
A mão que descende da hipocrisia
E mesmo sabendo que é contrafeito
Dizem aos outros que é de primeira categoria

domingo, 17 de novembro de 2024

ANTONIO ESTIMA - Valonguense ausente sempre presente!

                                                     Vista Parcial de Arrancada do Vouga


Ao formular a opinião e dar a conhecer os Valonguenses que procuraram enaltecer o cantinho onde nasceram, foram criados e cresceram, pensamos que sem qualquer outro pretensiosismo admitimos que o nome e a figura de António Simões Estima tem cabimento nesta espécie de inventário dos filhos de Valongo do Vouga que, por variados meios e formas, deram um contributo para o engrandecimento e prestígio desta agora vila e, certamente, que terá o consenso da maioria dos naturais destas Terras do Marnel.

O título que foi escolhido, corresponde de alguma forma a uma realidade de vida que teve, pois o seu múnus profissional obrigou a que se mantivesse fora da sua Freguesia durante bastante tempo. Mas sempre se manteve fiel às suas origens e aqui veio a residir definitivamente após a sua aposentação.

Melhor que as palavras que se deixam aqui a vaguear, o seu passado e o seu intenso interesse que manifestou pela sua terra, ficam explanadas através do livro editado no ano de 2003, com o patrocínio da Casa do Povo de Valongo do Vouga, uma das primeiras obras históricas sobre as origens de Valongo do Vouga e seus lugares, a que deu o título De UALLE LONGUM a VALONGO DO VOUGA  - SUBSIDIOS MONOGRÁFICOS. Que dedicou «EM HOMENAGEM À MEMÓRIA DO GRANDE BENEMÉRITO JOAQUIM SOARES DE SOUZA BAPTISTA», como consta numa das primeiras páginas.

Prefaciou o Dr. Manuel José Archer Homem de Mello, conhecida e prestigiada figura nacional, descendente do Conde d'Águeda e último proprietário da Quinta d'Aguieira, do qual respigamos: 

"Tenho para mim que, pelo menos, um número razoável de leitores será conduzido a pensar que, depois das considerações iniciais, os elogios que acaso venha a tecer ao trabalho levado a cabo pelo António Estima, tornar-se-ão mais que suspeitos, correndo mesmo o risco de "cheirarem" a louvaminha , como tal, carente de autenticidade."

E mais adiante: 

"O autor excedeu-se ou, se me fosse permitido utilizar uma expressão mais coloquial, ainda que em sentido inverso ao que é de uso, acrescentaria prosaicamente: o Estima "passou-se". Na realidade, embora o conheça como poucos, sabendo-o meticuloso e trabalhador até à exaustão (qualidades de que muito beneficiei enquanto foi o meu braço direito em algumas das inúmeras  actividades que desenvolvi, confesso que não esperava que revelasse a preparação adequada à elaboração de um trabalho desta natureza, uma vez que outras foram as suas inquietações pessoais e profissionais ao longo da vida."

Em fim de linha, escreveu também o Dr. Manuel José Homem de Mello:

"Quem de nós, por exemplo, alguma vez tomara conhecimento da "passagem" da família de Lafões pela região, assim como do conde D. Pedro Afonso, filho bastardo do Rei D. Diniz, com morada na Quinta de Brunhido (hoje lugar do Paço), na era de 1348?"

Salpica-se ainda:

"Quem de nós sabia que lugarejos como a Aguieira e Brunhido - que ainda hoje não passam de lugarejos - chegaram a usufruir do estatuto municipal de sedes de concelho?"

E termina assim:

"Ao escrever a história da sua terra, António Estima bem merece que o seu nome seja incluído na lista que elaborou  das personalidades mais gradas da freguesia."

Ainda daquele trabalho histórico ressaltam:

-António Estima nasceu a 2 de janeiro de 1926, no lugar e freguesia de Valongo do Vouga, e residiu ultimamente em Arrancada do Vouga. Fez o curso comercial na Escola Industrial e Comercial Madeira Pinto, de Águeda e frequentou o Curso Liceal no Colégio de S. Bernardo de Águeda. Em 1948 ingressou nos quadros da Direção Geral das Contribuições e Imposto do Ministério das Finanças, fazendo o estágio obrigatório na Repartição de Finanças de Águeda.

-Prestou provas públicas nacionais e foi nomeado Aspirante de Finanças. A sua progressão na carreira profissional levou-o a escrivão no Tribunal do Contencioso das Contribuições e Impostos de Lisboa, passando por perito de fiscalização tributária de 1ª classe; técnico orientador dos Serviços de Planeamento Coordenação da Administração Central nos distritos de Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Viseu e Guarda; integrou o grupo de trabalho de estudo para a reforma dos Serviços de Fiscalização Tributária; em concurso público nacional promovido a supervisor tributário; Por fim, foi nomeado a chefe de divisão dos Serviços de Fiscalização Tributária da Direção de Finanças de Aveiro; Aposentou-se em 1986,  após 38 anos de serviço efetivo.

-De pensamento livre e democrático é defensor de uma sociedade de valores na qual a ética, o humanismo, a competência e a responsabilidade sejam uma prática social. 

Colaborou e participou em várias instituições e cargos, de que se destacam: Presidente da Junta de Freguesia; Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia; vereador na Câmara Municipal; presidente da Assembleia Geral e Direção da Associação Desportiva Valonguense; presidente da Direção da Casa do Povo de Valongo do Vouga; presidente do Conselho Fiscal da Caixa de Crédito Agrícola; membro do Conselho Fiscal dos Bombeiros Voluntários de Águeda; Santa Casa da Misericórdia e Rádio Botaréu, de Águeda.

As suas principais paixões foram os negócios e viagens. Já aposentado fundou duas empresas do ramo imobiliário. Das viagens, passou quase todos os países da Europa e África, porque sempre se mostrou encantado no contacto com outras gentes, costumes e civilizações.

Uma completa e pioneira obra das origens de Valongo do Vouga, das suas gentes ilustres, dos seus lugares, Instituições e Coletividades. Sempre interessado pelo passado, animava-o o desejo de prestigiar a sua terra, contribuindo com a escrita para levar às suas Gentes um pouco da sua História.

Que aconselhamos, a quem ainda não tomou contacto com o seu conteúdo, a pedir junto da Casa do Povo um exemplar do livro. 




segunda-feira, 11 de novembro de 2024

ANTONIO RACHINHAS – UMA VIDA TRICONTINENTAL

Largo de S. Miguel-Aguieira, uma das obras em que se empenhou, 
fazendo parte de uma comissão local com outros conterrâneos


António Rachinhas, natural do lugar de Aguieira, da  freguesia de Valongo do Vouga, passou quase toda a sua vida, profissional e familiar, em três continentes, a saber: Europa, África e América. Vamos contar um pouco da sua história de vida. 
Como ele mesmo se considera, foi um privilegiado nos idos anos de cinquenta, séc. XX, ao frequentar o Curso Comercial da Escola Industrial e Comercial de Águeda (atual Marques de Castilho) que formava competentes Técnicos de Contas (como agora são tratados os contabilistas) e donde saíram os melhores serralheiros mecânicos para as fábricas de ferragens de Águeda. Ao tempo das invasões francesas, o Capitão-Mor do concelho de Vouga, José Pereira Simões,  de Arrancada do Vouga, era um dos maiores industriais das «Ferrarias do Vouga», (fabricava principalmente tachas (pregos), pesos, pingentes (puxadores) e armamento, empregando muitos operários) que estão na base do surgimento das ferragens de Águeda.  

    Veja-se esta redação: «Em 1800 havia cerca de 2000 operários fabris em Portugal e este industrial era proprietário de imensas tendas (cerca de vinte) de fabrico artesanal, empregando cerca de 100 operários, o que correspondia a 5% da população fabril nacional.» As "Ferrarias do Vouga" deram origem à indústria de ferragens de Águeda.» (Da Wikipédia).

    A este naco da história local voltaremos.

    A imagem que guardamos do Rachinhas, era a de um imberbe adolescente nos seus 14/15 anos (perdoa-me António, mas esta é a verdade porque todos nós passamos), na Rua das Figuras Populares – que vai do cruzeiro de Aguieira até á saída do lugar e de cuja toponímia é seu autor, como iremos ter oportunidade de poder confirmar mais tarde neste cantinho que dedicamos à freguesia de Valongo do Vouga – que esperava, julgamos, frente à casa de seus pais sita no local onde hoje se encontra o prédio e estabelecimento da Casa Cassetes, por alguém que o levasse para Águeda, até àquela escola, devidamente uniformizado da Mocidade Portuguesa, juntamente com mais ou menos meia dúzia de outros jovens da freguesia e dos arredores, que detinham o mesmo privilégio. Tantos quantos tinham a dita de frequentar este nível de ensino que chegou a existir em Portugal. 

    Terminado o curso, rumou a Angola, onde um seu familiar, conceituado industrial da construção civil naquele país, agora independente, lhe terá enviado uma «carta de chamada», para poder emigrar até África – Luanda, Angola – e ali ter desenvolvido uma primeira atividade profissional. Outras empresas receberam o seu contributo em Angola. 

    Aqui permaneceu até que as vicissitudes da vida, que são de todos conhecidas, o obrigaram a ir mais longe, até à América do Sul, precisamente ao grande país irmão – BRASIL – neste permanecendo mais uns bons pares de anos, em Belo Horizonte, precisamente na cidade onde Joaquim Soares de Souza Baptista chegou a desenvolver – na qualidade de emigrante que foi no Brasil – o seu múnus profissional e técnico na área da agricultura, como Regente Agrícola, nome que não precisa de apresentação para os Valonguenses. 

    Regressado definitivamente à terra que o viu nascer, recordamos que seus pais – Celeste Martins Nogueira e Manuel Ferreira Rachinhas – eram também naturais daquele lugar de Aguieira, tendo este desempenhado as funções de carteiro, durante toda a sua vida, em Aguada de Cima e Belazaima do Chão. 

    Seu pai foi ainda um afamado caçador, que ombreava com outros nomes que faziam parte de uma vasta plêiade de adeptos deste desporto do concelho de Águeda. Que foi ainda motivo de noticiários de imprensa, principalmente publicados por António Rosa da Silva Magalhães no semanário Soberania do Povo que contamos poder transcrever em tempo oportuno nestas páginas. 

    A sua ação em prol da sua e nossa freguesia é preponderante e decisiva em vários domínios, desenvolvidos com redobrado interesse e entusiasmo após o seu regresso, que naturalmente aqui iremos postar assim que possível.

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

O CONSELHEIRO RODRIGUES DE BASTOS


   

                                                                                                           (Casa onde nasceu o Conselheiro,
                                                                                                                sita no Moutedo)

O Conselheiro José Joaquim Rodrigues de Bastos, teve uma vida marcada por feitos valorosos e é suficientemente justificável conhecer uma figura local com o seu percurso nas várias vertentes que esta lhe proporcionou e que marcou de forma indelével a época em que se manteve ativo e participativo, desde a advocacia, literatura e política. É prova disso o abundante material histórico que está publicado no espaço cibernauta e não só. Iremos trazer aqui algumas dessas facetas, quiçá correndo o risco de alguma repetição face ao que terá sido publicado. 
Um seu familiar, o Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra, já falecido e que foi residente no Porto, com quem nos correspondemos durante bastante tempo, brindou-nos com uma obra de sua autoria sobre este Conselheiro nascido no lugar do Moutedo, freguesia de Valongo do Vouga, com o título VIDA E OBRA DO CONSELHEIRO RODRIGUES DE BASTOS.
Como já por aqui escrevi, o Conselheiro foi um Homem que marcou o seu tempo.
Nasceu naquele lugar em 8 de Novembro de 1777 e foi batizado em 16 daquele mês de novembro, sendo seus padrinhos o Reverendo Joaquim de Bastos seu tio, e Antónia Maria por procuração do marido José de Bastos, sendo testemunhas o Reverendo Manuel de Bastos e Francisco Martins Pereira, todos do Moutedo.
        Matriculou-se no primeiro ano jurídico da  Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 31 de Outubro de 1790 e nesta escola foi premiado num dos anos jurídicos, conforme asseverou o Dr. Manuel Rodrigues de Melo num processo de genere para o habilitar a servir no lugar das Letras e fazer a sua leitura como requereu em 1812 a testemunha Manuel Rodrigues de Melo, bacharel formado em cânones, de trinta anos, morador na Rua Larga de S. Roque, em Lisboa. Mas só volta a inscrever-se, agora no segundo ano, em 1800. Houve pois um meato de dez anos, remata a informação do Dr. Rui Moreira.     
Parece, contudo, que não ficou inativo pois, à conta do que foi escrito no blog terrasdomarnel.blogspot.com, da autoria de José Marques Ferreira, no capítulo «Do Marnel ao Vouga», o brasileiro António Trajano escreveu no jornal do Brasil O Puritano que, em Coimbra onde estudara, tivera como professor de latim o ilustre conselheiro José Joaquim Rodrigues de Bastos, latinista de nomeada.
Formou-se no ano de 1804, conforme ele próprio declarou, juntando a carta de curso, no requerimento para servir nos lugares de Letras. Iniciou a carreira de advogado nos auditórios da cidade do Porto e por essa época, em 10 de dezembro de 1806, casou-se na Sé Catedral desta cidade com a prima coirmã D. Maria Joaquina Rodrigues de Sampaio, que nasceu em 9 de Novembro de 1780, na freguesia da Sé do Porto, filha de Manuel Rodrigues da Cruz, familiar do Santo Ofício, natural da freguesia de Valongo do Vouga e de sua mulher  D. Francisca Marcolina Rosa de Sampaio, também natural da freguesia de S. Pedro de Valongo. Foram testemunhas o Dr. José Lourenço Pinto, morador na Rua da Hortas, e o Dr. António da Silva Guimarães, da Rua Nova do Almada.
Resta acrescentar que o seu nome está perpetuado numa rua em Arrancada do Vouga, que vai do cruzeiro até à capela de Santo António.
A este ilustre Valonguense voltaremos trazendo mais história ...

        


sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A POESIA DA ISAMAR



      Porque se admite existirem justificações mais que evidentes, pelo menos para todos os que gostam deste tipo de literatura, era de certo modo previsível, como se deixou antever no anterior texto, que iriamos deixar por aqui, de quando em vez, um poema da autoria de Isabel Maria Tavares Mendes, que selecionamos, com a sua condescendência a partir daqui: https://apoesiadaisamar.blogspot.com/
      Admitimos ainda que a opinião dos eventuais "visitadores" deste modesto cantinho seja a mesma que aqui já deixamos expressa e que pode ser confirmada à medida que conhecerem os textos que por cá iremos deixar, não descurando as eventuais "visitas" que sugerimos antes para confirmar a mesma opinião que mantemos porque, estamos certos, lhes será atribuída a competência, prestigio, de quem assim se vê dotada e que enaltece o torrão que a viu nascer. Ficamos convictos disso …